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Medo do colapso

  • Foto do escritor: bruna santos
    bruna santos
  • 26 de jan. de 2024
  • 2 min de leitura

Winnicott, em seu texto Medo do Colapso, elabora sobre esse fenômeno presente em alguns pacientes seus, mas que hoje ainda é um assunto muito atual. Nota-se que é um conceito simples de ser entendido e facilmente conseguimos sentir empatia por esse termo, visto que Winnicott busca esse nome por ser universal, fala sobre algo que de alguma forma sabemos do que se trata.


O medo do colapso, então, é um modo de medo agudo e ele entende que o que está em jogo é uma desorganização interna das defesas psíquicas daquela pessoa.


Em resumo, para a psicanálise, nós, indivíduos, nos organizamos internamente a partir de defesas psíquicas frente aos conflitos, internos ou externos, que no decorrer, especialmente, dos primeiros anos de vida vamos enfrentando.


Portanto, o medo do colapso diz respeito a um medo anterior à formação de uma defesa psíquica e, nesse caso, se trata de uma ameaça mais primária, que é o medo do colapso da própria unidade do Eu (self). Ou seja, é a ameaça de perder essa unidade, e isso de fato se parece com um colapso (ou breakdown no texto original).


Winnicott entende que nós, humanos, precisamos, na nossa primeira infância, de um ambiente facilitador e integrador para o processo de maturação. Quando o ambiente é deficitário, a própria formação do Eu está ameaçada. Por isso surge um medo agudo, porque o que se sente é uma agonia primitiva de retornar a um estado de dependência absoluta, em que o próprio Eu não estava formado, um medo de desintegração, despersonalização, da falta de uma auto sustentação. Isso é revivido porque não teve possibilidade de ser assimilado. E é num longo e difícil trabalho de análise que isso pode ser tratado.


Apesar desse fenômeno não necessariamente acontecer com todos nós, não deixa de ser interessante refletir que agonias tão primitivas, anteriores ao nosso tempo pré-verbal, podem nos afetar tanto.


Ainda, podemos fazer uma conexão desse medo do colapso com o que vivemos nos dias de hoje, um mundo ameaçador, notícias que geram pânico, a ponto de crises de pânico virarem cotidianas.


Dá a impressão que vivemos em um ambiente que a todo momento projeta para o futuro uma ameaça de colapso e que talvez se misturam com as nossas próprias angústias iniciais.


Independentemente de termos soluções para isso, é sempre válido colocar em palavra essas angústias que nos cercam!



 
 
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